A obra da Trindade na salvação


"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo" Ef 1:3

Introdução

Hoje, daremos continuidade a nossa série de mensagens sobre a Carta de Paulo aos Efésios. No sermão anterior, vimos que Paulo chama aos crentes de Éfeso de santos e fiéis. Porém, não devemos atribuir essa santidade e fidelidade ao homem mas glorificar a Deus por Sua graça. É o que Paulo faz.

O texto que vamos ler agora é um hino de louvor a Deus, uma celebração ao Senhor pela nossa salvação. É como se Paulo estivesse nas “regiões celestiais” e pudesse contemplar a salvação sendo planejada na eternidade passada, realizada na história e consumada na eternidade futura. Ao ver o plano de Deus sendo executado de eternidade a eternidade, o apóstolo irrompe em louvor, dizendo “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo”!

Minha oração nesta noite é que você também possa compreender melhor o que o Deus Trino planejou e está realizando para sua salvação e que você possa louvar a Ele pela certeza que essa compreensão te dará.

Vejamos agora, as bênçãos que cada Pessoa da Trindade realiza em nossa vida visando a salvação.

Eleitos pelo Pai, 3-6

A primeira bênção que quero mencionar é que Deus “nos elegeu nEle”. Eleger quer dizer fazer uma escolha e o que Paulo está dizendo é que Deus nos escolheu. Não fomos nós que escolhemos a Deus, não fomos nós que decidimos que Deus era o melhor para nós, foi Deus quem nos escolheu. Jesus certa vez disse aos apóstolos, “não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós outros”. Não é maravilhoso pensar que fomos objetos dessa escolha divina? Porém, não devemos imaginar que fomos escolhidos por algum mérito de nossa parte. Basta considerarmos dois aspectos dessa escolha para percebermos que temos motivos para louvor, não para orgulho.

Em primeiro lugar, note o momento em que foi feita essa escolha: “antes da fundação do mundo”. Quando Deus te escolheu, você não tinha nascido ainda. Aliás, nem seu avô tinha nascido. Nem mesmo Adão existia. Pois a eleição foi feita por Deus na eternidade passada, antes do mundo ser criado. Sendo assim, você não foi escolhido por ter impressionado a Deus com algo que você fez. O fato da escolha divina ter sido feita na eternidade, tira de nós qualquer chance de orgulho por sermos eleitos. O motivo da nossa eleição está em Deus mesmo, e não em nós.

Outro aspecto dessa eleição refere-se ao propósito da mesma, “para sermos santos e irrepreensíveis diante dele”. Quero enfatizar duas coisas, neste ponto. O primeiro deles, é que a eleição não foi por fé ou santidade previstas. O texto que estamos lendo não diz que fomos eleitos “por sermos santos e irrepreensíveis”. Deus não olhou para o futuro desde a eternidade, viu quem seria crente fiel e disse “escolho esse aí”. Nós não causamos a nossa eleição, não motivamos a Deus a nos escolher. A outra coisa a ser enfatizada é que a eleição não deve ser vista como uma desculpa para a licenciosidade, e sim como incentivo para o viver santo. Embora não tenhamos sido escolhidos por sermos santos, fomos escolhidos para vivermos em santidade diante de Deus.

Isto tem a ver com outro aspecto dessa obra de Deus em nosso favor, chamada de predestinação. Paulo diz que Deus “em amor nos predestinou”. Nem sempre é fácil fazer uma distinção entre eleição e predestinação, pois essas duas bênçãos estão interligadas. Predestinar significa, literalmente, destinar de antemão. E para o que fomos destinados?

Fomos predestinados “para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo”. Desde que fomos escolhidos na eternidade, também fomos predestinados a nos tornar filhos de Deus por Jesus Cristo. Eu queria que você entendesse uma coisa, nós não conquistamos um lugar à mesa da grande família de Deus. Nós somos incluídos ali porque Deus, desde a eternidade, decidiu isso, independente de nossos méritos. O poder de ser um filho de Deus é um poder concedido e não conquistado.

Também fomos predestinados “para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”. Fomos predestinados para o próprio Deus. Deus nos quer junto dEle e para se assegurar de que teria todos os que escolheu junto de Si por toda a eternidade, nos predestinou para Si mesmo. Jesus revelou esse desejo do coração do Pai quando disse “vou preparar-vos lugar e se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também”. Deus tomou providências na eternidade para que nenhum de Seus filhos falte à mesa naquele dia!

Finalmente, fomos predestinados “para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente”. Deus nos predestinou para que fosse glorificado por Sua graça. Sendo que nada tínhamos de atraente para que nos escolhesse, sendo que nada fizemos para sermos adotados como filhos e para sermos conduzidos à presença gloriosa de Deus, só podemos glorificar ao Senhor por Sua graça maravilhosa. Ficamos, assim, alijados de qualquer motivo de orgulho e nos sobram motivos para adoração!

Até este ponto, Paulo esteve olhando para a eternidade passada, mas agora ele se volta para o passado recente e contempla o Calvário, onde fomos

Redimidos pelo Filho, 7-12

A eleição e a predestinação não resolvem um grande problema: os escolhidos e predestinados por Deus Pai estão afundados em pecado, separados da glória de Deus e sob justa condenação. Para que o propósito divino se cumpra, é necessário um pagamento, uma satisfação da justiça divina. É a vez do Amado entrar em cena e realizar Sua grande obra na cruz.

Jesus, "em quem temos a redenção”, veio, viveu uma vida santa e morreu em nosso lugar na cruz do calvário. Ao fazer isso, satisfez a justiça divina e nEle nós temos a redenção. Torna-se necessário enfatizar que é nEle e em ninguém mais que temos a redenção. Não existe um plano B, não existe outra forma de sermos reconciliados com Deus a não ser por Jesus Cristo. Fora dEle, não há salvação!

Pois é "pelo seu sangue” que somos redimidos. O nosso pecado custou um preço de sangue, o sangue de Jesus. Nenhum outro preço teria tanto valor. Nenhum outro preço é necessário. O sangue de Jesus não apenas é suficiente, mas é bastante, e qualquer outro sacrifício que pretendamos adicionar a ele soa aos ouvidos de Deus como blasfêmia.

Pelo sangue de Jesus temos a redenção “dos nossos delitos”. Somos redimidos de nossos pecados. Jesus cancelou a dívida que tínhamos para com Deus. Não restou mais nada para ser pago. Mas há outro aspecto que devemos considerar. Éramos escravos do pecado. Jesus nos redimiu, quer dizer, nos libertou do domínio do pecado. A morte de Jesus quebra as cadeias do pecado e nos liberta para servirmos a Deus!

Essa redenção é “segundo as riquezas da sua graça”. Assim como a eleição, a morte de Jesus resulta da graça de Deus. Jesus não veio ao mundo porque clamamos por Ele, não viveu uma vida santa porque suplicamos a sua ajuda e nem morreu na cruz por reconhecer que merecíamos uma chance! Não, Ele veio apenas porque quis, foi movido por compaixão e graça e realizou a obra que o Pai havia lhe confiado porque estava determinado a nos salvar. Ele nos fez "conhecer o mistério da sua vontade segundo o seu beneplácito", o que singifica que foi sua boa vontade e não a nossa que levou à remissão de nossos pecados. Foi "com o fim de sermos para o louvor da sua glória" que "também fomos feitos herança". A nossa remissão, então, é pela graça e para a glória de Deus!

Selados com o Espírito, 13-14

Com a eleição o Pai decidiu nos salvar, com a redenção o Filho proveu os meios para nossa salvação. Mas ainda continuávamos mortes em delitos. Faltava a obra do Espírito Santo. Faltava a aplicação da salvação em nossa vida pessoal.

Então Deus nos enviou "a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação", através de pessoas que haviam sido chamadas a Ele antes de nós. E "tendo nele também crido", nós fomos "selados com o Espírito Santo da promessa". Antes de prosseguir, quero esclarecer que este selo não é o batismo com o Espírito Santo, não é o falar em línguas ou oexercitar algum dom. Este selo é um sinal de propriedade, de que de agora até a eternidade pertencemos a Deus. É uma garantia de que Deus vai completar a obra que começou quando nos elegeu, nos remiu e nos chamou.

Assim Paulo diz que o Espírito Santo "é o penhor da nossa herança", é a prova que temos de que o Senhor levará para a glória cada um que chamou para o evangelho. Se você creu no Senhor, deve descansar na certeza que Ele virá outra vez, para buscar a Sua igreja, que não te deixará para trás! Pois o Espírito Santo que habita em você aponta "para redenção da possessão de Deus". O transformar progressivo que o Espirito opera em sua vida irá se completar com certeza, pois você é propriedade de Deus!

Como a eleição e a expiação, a chamada e o selo do Espírito Santo também são "para o louvor da sua glória". A nossa salvação, do início até o fim é pura graça. Não resta ao salvo nenhum motivo para vanglória, por isso devemos dar toda glória a Deus.

Conclusão

Neste ponto você pode estar se perguntando se é um eleito de Deus. Esta não deve ser sua preocupação primeira. Você deve se examinar no sentido inverso da realização da obra de Deus. Se você creu no Senhor, terá o testemunho do Espírito de que é um filho de Deus. Se você creu no Senhor, então foi porque o Espírito Santo aplicou em você os benefícios da morte de Jesus. Se você creu no Senhor, então é porque foi eleito no céu.

Mas se você não creu no Senhor ainda, isto não quer dizer que você não é um eleito. Se o fato de não crer no Senhor o incomoda, então é provável que Deus esteja agindo na sua vida. Renda-se a Ele e experimente as bênçãos espirituais em sua vida.

Soli Deo Gloria

* Sermão pregado na Igreja O Brasil Para Cristo em Medianeira.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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